A incrível arte de piratear

Eu comecei a falar sobre pirataria no post anterior e sempre tem-se mais assunto sobre qualquer assunto e esse não deixa de ter seu charme.
Que jogue a primeira pedra quem nunca pirateou alguma coisa na vida ou que nunca gravou aquele cd bacana pro primo ou pro amigo ou ainda que nunca pediu isso também. Isso quando não é o pirata do pirata do pirata do...
Eu não vou citar nomes, mas tem uma empresa que vende equipamentos de informática na minha cidade que entre outras coisas vende jogos e programas originais, todos lindamente expostos em local de destaque na loja, a custo de R$90,00 até R$500,00, mas basta chega pro dono e pedir "aquele especial" que está tudo escondidinho lá atrás do balcão, num singelo porta cd de papel com o serial escrito a mão a um módico custo de R$10,00 a R$20,00.
Camelô e lojinha de R$1,99 são outros paraísos. Aquele cdzinho que está na moda do cantorzinho da moda ou da coletânea cheia de cantorzinho da moda cantando musiquinha da moda está lá. Capinha de plástico com impressão duvidosa, cd barato ou marca xing-ling com uma música com uma taxa, outra com outra taxa, ou seja, fica uma baixa, outra alta. Daí é só colocar no Chevette 79 cujo som de mp3 vale mais que o carro no último volume no sábado a tarde, deixa o porta-malas aberto enquanto lava, tomando muito cuidado pra não se cortar com a ferrugem e contrair tétano.
E programa de computador então. Não adianta, ninguém compra original. Tudo é cópia da cópia da cópia da cópia que foi baixado na net, esse paraíso de todo pirateador. Solidariedade também é que manda nesse universo, afinal se ninguém disponibilizar, ninguém copiará. O chato é que, para os nostálgicos como eu, fica difícil conseguir muitos filmes de antigamente, nem os piratas ajudam. Fica fácil piratear o Avatar, filme novinho em folha, mas se eu quiser um Godzilla dos anos 70, posso esquecer, a não ser que eu aprenda japonês e assista ao filme sem legendas.
Eu assumo, sou pirata, mas a pirataria que pratico é apenas para consumo próprio... e dos amigos também... às vezes a tia do primo do amigo do irmão do amigo também pede... e a gente sempre dá um jeitinho.

Agro Music

A grande mania do momento é o tal do Sertanejo Universitário (substituindo o Forró Universitário). Sabe-se lá qual será a nova onda, se será o funk universitário ou o pagode universitário (se é que alguma dessas duas vertentes pseudo-musicais tem seguidores com capacidade suficiente para chegar à universidade... brincadeira, sei que deve haver exceções, raras, mas existem). Isso dá a entender que algumas criaturas que vão à universidade não tem mais nada a fazer senão se juntar com alguém e ir cantar em algum lugar.
Com essa história a velha moda da calça jeans colada voltou. Isso explica a voz esganiçada desses cantores sertanejos. Aposto que as bolinhas ficam tão apertadas que acabam subindo até a garganta e pressionando as cordas vocais, fazendo com a voz de taquara rachada prevalesça.
Amanhã ninguém mais se lembrará dessas criaturas que hoje arrastam multidões, porém multidões com memória curta.
Mas a maior pérola podemos encontrar dentre os cds piratas. O "pirata" faz uma compilação do que rola nas "rádias" e grava um cd com umas 22 músicas a uma taxa amostragem duvidosa, cria uma capinha no Power Point com uma mulher semi-nua na capa com chapéu de cowboy e botas de cowboy, os nomes das músicas escritas atrás com a grafia incorreta e ainda com direito a um maravilhoso título, por exemplo "As mais mais do sertanejo" ou "Batidão Universitário". E aí é só imprimir num papel qualquer (as primeiras impressões saem uma beleza e então a tinta vai acabando e enquanto o software não avisa que não dá mais, as impressões vão saindo) e é só vender 3 cds por R$10,00.
Eu não entendo porque dizem que essa música cheia de acordes de guitarra e bateria e baixo e teclado (mais parecendo uma banda de rock) é sertaneja. Que eu saiba música sertaneja é referente ao sertão, roça, gente do campo que usa no máximo 2 violas e não aquela parafernália toda com show de luzes e tudo mais. Então alguém me diz: O que é essa b*sta que esse pessoal toca?